quarta-feira, 30 de abril de 2008

Reduzir a jornada de trabalho, manter e ampliar direitos





Nenhum direito a menos, avançar nas conquistas

Crianças morrendo dentro das fabricas, sendo engolidas por máquinas muito maiores que seus próprios corpos, mulheres parindo no meio da linha de produção, homens morrendo após mais de 20 horas de trabalho.

A luta pela redução da jornada de trabalho atravessou séculos. Homens e mulheres deram sua vida para que classe trabalhadora tivesse o direito ao mínimo descanso depois do processo cruel de produção, cuja força de trabalho é a única mercadoria que no processo de produção quanto mais se desgasta mais gera valor.

Na Europa e nos EUA os trabalhadores e trabalhadoras através das lutas construídas na década de 70/80 garantiram a redução da jornada de trabalho. O Capital na década seguinte fará seu movimento de buscar ampliar e aprofundar a exploração da classe trabalhadora em outras áreas.

A partir da década de 90 com o processo da reestruturação produtiva as grandes multinacionais impõem aos trabalhadores uma série de mudanças no processo de trabalho que garantiram a intensificação e o aumento da produtividade com as novas tecnologias e a flexibilização da jornada de trabalho.

Um dos principais mecanismos da flexibilização da jornada se deu através do Banco de Horas um sistema onde a jornada permanece inalterada, as horas extras não são pagas e fazem parte de um Banco, que serve para atender as demandas da empresa, ou seja, em picos de produção horas trabalhadas além da jornada, em baixa produção as horas trabalhadas a mais durante o pico de produção são transformadas em folgas aos trabalhadores, controladas pela empresa.

O resultado para os trabalhadores foi o aumento da exploração de sua força de trabalho, como também dos acidentes e doenças provocados pelo trabalho, porque a “Qualidade Total” marca do processo da reestruturação, veio acompanhada da piora das condições do trabalho, pois a modernidade tão propagandeada, produziu um exército de doentes no trabalho: lesões por esforços repetitivos, depressão, morte por excesso de trabalho.

A marca do período que vivemos é do prazo de validade cada vez menor de nossa força de trabalho, ou seja, o Capital combinou no país os mecanismos de intensidade e produtividade no processo de trabalho, fazendo com que os trabalhadores e as trabalhadoras adoeçam cada vez mais rápido e sejam jogados como refugo no processo de produção de valor.

Extensão das jornadas, através de horas extras, onde os trabalhadores são levados seja por um endividamento crescente e pela pressão direta das empresas a recorrem cada vez mais as horas extras. A exceção passa a ser regra: horas a mais durante a semana regular e obrigatoriedade do trabalho aos sábados e domingos.

Junto a isso o Estado através da política de reformas auxilia o Capital com várias medidas: não reconhecimento do nexo entre a doença e o trabalho exercido, altas programadas onde o trabalhador retorna ao trabalho sem as mínimas condições e estabilidade, diminuição da concessão de auxilio previdenciário entre outros fazem parte do pacote de uma reforma da previdência que há muito tempo já se realiza através de medidas provisórias ou ordens de serviço internas do governo.

Para baratear ainda mais o valor pago a única mercadoria quem tem a classe trabalhadora; sua força de trabalho, o Capital institui o banco de horas como uma nova ferramenta que adequa a jornada de acordo com sua demanda e coloca os trabalhadores a mercê das necessidades das empresas.

No Brasil parte do movimento sindical adere a proposta de Banco de Horas que veio acompanhada do argumento que seria esse um instrumento capaz de barrar as demissões. Assim sindicatos ligados à Força Sindical e uma parcela importante de sindicatos filiados a CUT fazem acordos com várias empresas aceitando o banco de horas.

Exemplos são muitos que demonstram que o Banco de Horas além de não manter ou ampliar empregos, conseguiu reduzir ainda mais o valor da força de trabalho. Destacamos os acordos dos metalúrgicos na Volks em São Bernardo e Taubaté no estado de SP, onde as demissões seguiram, a redução de salários e piso foram feitas após o banco de horas e recentemente se formalizou em acordo a obrigatoriedade de trabalho em 33 sábados no ano de 2008 na planta de Taubaté.

São essas centrais sindicais que agora constroem uma agenda de pressão institucional para exigir a redução da jornada de trabalho, mas ocultando a realidade dos trabalhadores que estão em sua base social, que amargam as conseqüências da flexibilização da jornada de trabalho.

Parte significativa do movimento sindical resiste a essa proposta de pacto com o Capital e enfrentando não só as empresas, mas também os instrumentos do Estado. Além de não se submeter ao banco de horas, consegue através da mobilização a partir dos locais de trabalho a redução da jornada de trabalho sem redução salarial.

Alguns exemplos são de setores importantes da indústria metalúrgica em cidades como Campinas, Limeira, São José dos Campos no estado São Paulo que já têm jornadas reduzidas que variam entre 40 a 42 horas semanais.

Recentemente os operários na General Motors enfrentaram a proposta da empresa de implementação do Banco de Horas, com redução do piso salarial. A empresa anunciou a contratação de 600 funcionários em contrato por prazo determinado, ou seja, sem nenhum direito e o Estado através da Prefeitura e maioria da Câmara de Vereadores realizou campanha na cidade em defesa da empresa garantindo isenção de impostos. Os trabalhadores resistiram ao ataque orquestrado da multinacional e rejeitaram a redução de salários e direitos. Essa luta tem contado com a participação da Intersindical na construção de uma Campanha Nacional em defesa da ampliação dos direitos e da diminuição da jornada sem redução de salários.

É preciso que a redução da jornada de trabalho sem redução salarial seja uma realidade do conjunto da classe trabalhadora. O Capital que na década anterior ocupou a América Latina para aumentar seus lucros através da exploração da força de trabalho, segue querendo mais: na Europa está na pauta de importantes países como França e Alemanha o aumento da jornada de trabalho.

Por isso a Intersindical dentro da Campanha Nacional “Nenhum Direito a menos, avançar nas conquistas” terá a luta pela redução da jornada de trabalho, sem redução de salários e direitos como parte fundamental das mobilizações que vamos construir no ano de 2008 a partir dos locais de trabalho.

Manter e ampliar direitos! Enfrentar o desemprego e todas as investidas do Capital para aumentar a exploração é a base da ação da Intersindical na luta pela redução da jornada de trabalho sem redução de salários e direitos.

Coordenação Nacional da Intersindical

terça-feira, 29 de abril de 2008

!!! DIREITO DE GREVE DOS SERVIDORES PÚBLICOS !!!

Nesta quarta-feira (30), às 10h, a Comissão de Trabalho da Câmara poderá votar o PL 4.497/91, da deputada Rita Camata (PMDB/ES), que dispõe sobre o direito de greve no serviço público.

Na semana passada, o presidente do colegiado, deputado Pedro Fernandes (PTB/MA), encerrou as discussões em torno do tema, na tentativa de forçar um acordo entre os parlamentares para que a matéria possa ser votada nesta semana.

O relator da proposta, deputado Nelson Marquezelli (PTB/SP), irá apresentar um substitutivo ao projeto. Marquezelli deverá incluir sugestões do voto em separado do deputado Tarcísio Zimmermann (PT/RS). O parlamentar gaúcho adiantou para ao colegiado que aquilo que não for consenso será objeto de votação em destaque supressivo.

Para o presidente da CSPB, João Domingos G. dos Santos, o debate sobre o direito de greve no serviço público é importante e urgente, mas o projeto da deputada Rita Camata não atende as necessidades dos servidores e do movimento sindical.

João Domingos relembrou que o presidente Lula, durante cerimônia de sanção da Lei das Centrais, garantiu que o tema é prioridade para o governo. "Esperamos construir um projeto que garanta o direito de greve, mas principalmente que garanta a negociação coletiva, o que não está no projeto analisado pela Comissão de Trabalho", destacou o presidente da CSPB.

NOVA CENTRAL DEFENDE RATIFICAÇÃO DA CONVENÇÃO DA OIT, art. 151, NA CÂMARA DOS DEPUTADOS

A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados realizou, nesta quarta-feira (23), audiência pública para discutir a Convenção 151 da Organização Internacional do Trabalho (OIT). A norma estabelece a negociação coletiva no âmbito do serviço público federal, estadual e municipal, além de reconhecer como instrumentos válidos para a solução de conflitos a mediação, a conciliação ou a arbitragem.

Na audiência de hoje participaram representantes dos Ministérios do Trabalho, e das Relações Exteriores. Além de centrais sindicais, entre elas a Nova Central, que foi representada pelo Diretor de Relações Internacionais, Sebastião Soares.

Para o diretor da Nova Central e também secretário-geral da CSPB, Sebastião Soares, a aprovação da Convenção é importante para os servidores, já que institui o princípio da negociação coletiva. Mas, o dirigente sindical também alertou os parlamentares para a necessidade de modificar a redação do texto, que trata apenas de emprego público (regido pela Consolidação das Leis do Trabalho - Decreto Lei 5.452/43) e não de servidores públicos de modo geral.

“Temos que ficar atentos a esse detalhe, se não criaremos duas categorias de servidores públicos e deixaremos a maior parte deles sem o direito a negociação”, enfatizou o secretário-geral da CSPB e representante da Nova Central na Audiência Pública.

Sebastião Soares afirmou ainda que a regulamentação da negociação coletiva deva ser feita por lei federal. Segundo Sebastião Soares “seria inviável que cada estado ou os mais de cinco mil municípios do país tivessem que definir localmente os parâmetros da negociação”.

A coordenadora-geral de Relações do Trabalho do MTE, Paula Polcheira, afirmou que a Convenção 151 da OIT abre possibilidade de regulamentação da negociação dos servidores públicos com o governo e também da greve no serviço público - situações sem regras definidas hoje. A coordenadora disse ainda que o texto da convenção está de acordo com a Constituição brasileira.

Para o presidente da CSPB, João Domingos, a ratificação da Convenção 151 é mais importante que os projetos sobre o assunto que tramitam no Congresso. "Os servidores querem a aprovação da Convenção da OIT. Ele é o instrumento que garantirá o direito de greve e a negociação coletiva. Os outros projetos podem ser descartados, já que não contemplam os interesses da categoria".


Tramitação

A proposição será discutida e votada na Comissão de Relações Exteriores. Se aprovada, será transformada em projeto de decreto legislativo e será examinada pelas Comissões de Trabalho; e de Constituição e Justiça, antes de ser votada no plenário da Casa. As convenções da OIT, se assinadas pelo País, têm de ser obedecidas.

(Com SECOM/CSPB)